domingo, 17 de maio de 2009

TOURADAS EM ÉVORA?!... QUE PENA!!...

Em pleno Século XXI nada nem ninguém poderá justificar ou defender espectáculo de tamanha crueldade, boçalidade e cobardia como o das touradas.
Évora, a Liberalitas Julia de tempos idos, podia e devia clamar pela autêntica liberdade de consciência e banir definitivamente tal aleivosia e tal estupidez.
Hoje dia 17 de Maio de 2009 é mais um dia que considero de luto pela barbárie e de luta pela erradicação desse costume tão ao gosto da irracionalidade e insensibilidade humanas!
Évora será verdadeiramente uma cidade de Cultura e merecedora do epíteto de Cidade Património da Humanidade quando ficar livre de tal aberração. O eborense, que sempre pugnou pela justiça e pelo humanismo até quando estará disposto a presenciar tal espectáculo de incultura?
Partilhemos um poema de M. Dulce Penaguião:

TOURADA

Chamam-lhe festa de luz, de cor e emoção
lançar na arena um touro ferrado com sádico rigor
um animal que não entende – tal como a multidão…
Que a festa vai ser de martírio, sangue e dor!

Toureiro – Touro
Inteligência versus força bruta?
A que valores a tourada julga ser fiel
se o que se passa na lide é mórbida disputa
para distinguir dos dois o mais cruel…

Arrogante, afiambrado, ridículo no trajar
eis o toureiro que a um touro cabe em sorte
convencido da sua arte veste-se para matar
mas o pior da tourada não creio que seja a morte…

O pior é haver gente que chama bravura à dor
sanguinários delirantes de um espectáculo brutal
que levam em ombros um bárbaro e um traidor
aos mais elementares direitos do animal!

Nem arte, nem coragem, nem evolução!
Só vaidade, interesses, arrogância
cobardia em pôr fim à tradição
deste sadismo na dor e na matança!...

Nem arte, nem coragem, nem ciência
nos rituais fanáticos a exigir extinção
aplaudir dor e sangue a escorrer é já demência…
Malditos valores os desta tradição!

Poema de M. Dulce Penaguião, in “Touradas”, Ed. Parceria A. M. Pereira, Lisboa, 2005.

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