terça-feira, 26 de maio de 2009

A TEOSOFIA E A UNIDADE DE VIDA

A Teosofia ou Theo-Sophia tem a sua origem nominal – isto é, de que existem referências documentais comprovativas – no Século II d.C. com Apolonius de Thyana que empregou o termo e o identificou com a Gnose. Passando depois por Martinez de Pascuallys, no Século XVII, o termo Teosofia foi usado enquanto sinónimo de Sabedoria/Sageza Antiga, já nos fins do Século XIX por Helena Petrovna Blavatsky, nomeadamente nas suas obras "Isis sem Véu" (1877), "A Doutrina Secreta" (1888) e "A Chave da Teosofia" (1889).
É essencialmente esta última abordagem – a da Senhora Blavatsky – que nos interessa agora abordar minimamente. A sua obra prima "A Doutrina Secreta", é baseada em textos de antiguidade imemorial – as "Estâncias de Dzyan" – cujo conteúdo e significação somente poderão ser totalmente conseguidos através de uma vivência autenticamente espiritual. Estâncias essas que, porque escritas de forma poética e mística, evocam outro tipo de compreensão que não a meramente intelectual e ou racional, as imagens arquetípicas saltam, corporalizam-se perante aquele que através do auto-conhecimento for capaz de fazer desaparecer as barreiras da ilusão, do engano, do erro e da morte...
É com este substractum espiritual que a Teosofia se reveste de uma grande importância para a Humanidade dos nossos dias. É a partir desta grande Mensagem que a Unidade de Vida e o papel espiritual do Ser Humano poderão ser compreendidos, vividos ou, pelo menos, abordados.
Vivemos actualmente uma época de enorme crise a todos os níveis da condição humana, vivemos uma época de transformação inevitável e irreversível. Por analogia a outras épocas semelhantes – de passagem de Ciclo –, as "novas religiões", manifestadas através de um sem número de seitas, proliferam. As pessoas buscam desesperadamente algo.
Ciclicamente Grandes Sages vêm até nós, com o intuito de fornecer novas pistas de vida, reformando velhas, gastas e deturpadas verdades, para inaugurar novos tempos, novas eras, contribuindo positivamente para a Evolução da Vida, sempre com um tipo de discurso apropriado à época, ao tempo e às gentes. Há que procurar hoje um discurso e uma vivência que nos façam viver uma Nova Era em harmonia com a VERDADE – que não tem idade, nem época, nem qualquer tipo de limitação ou condicionamento – e que é atemporal e eterna.
A Evolução da Consciência no ser humano encontra-se intimamente ligada com o AUTO-CONHECIMENTO e com a compreensão da UNIDADE DA VIDA Cósmica.
Por outro lado, a perspectiva holística – a que já nos referimos em textos anteriores – para o homem, é afinal o acordar da totalidade dele próprio e do seu enquadramento vital criativo, no qual ele poderá desenvolver ou despertar a sua essência espiritual. Consequentemente, a conscientização desta Unidade, em si própria, confere ao homem uma imensa responsabilidade perante a Natureza, suas Leis e Evolução.
A Busca da Verdade Una é o desafio que permitirá ao homem estudar-se e compreender-se – enquanto Microcosmos – e estudar e compreender a Natureza – enquanto Macrocosmos –, em todas as suas dimensões, estados e realidades. Tudo isto, afinal, para que o Auto-conhecimento seja conseguido e vivido, porque, como sublinhava Sócrates, citando fonte muito mais antiga da Sabedoria Eterna: "Homem, conhece-te a ti próprio…"
Sem dogmas, sem verdades absolutas, sem revelações, sem ideologias cristalizadoras e castradoras, que opõem, confrontam e dividem…a Verdade faz-nos buscar Aquilo que une os homens entre si e a Humanidade em devir.
Os Sábios procuram ultrapassar as divergências para realizarem a Unidade que salvaguarda as diferenças. A união na diferença é, sem dúvida, uma das questões mais importantes da nossa época – social, psicológica, espiritualmente…
Os sentimentos de Tolerância e de Fraternidade, transformam as divergências irreconciliáveis em convergências fraternais, onde o homem aprende a Liberdade e, através da assunção da diferença do seu Irmão, alcança a compreensão da Igualdade do ser humano face ao ser humano ele próprio. Aprende que a complexidade do seu semelhante é afinal composta de pequenas e simples verdade constituintes da VIDA UNA E INDIVISÍVEL.


Rui Arimateia "Textos Teosóficos VIII"
Évora Ramo Boa-Vontade da Sociedade Teosófica de Portugal

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