sábado, 23 de maio de 2009

SOBRE A VERDADE

Abordou-se em texto anterior a problemática da Busca, da Demanda Espiritual, propomo-nos neste pequeno escrito abordar a essência dessa Busca que, pensamos ser a VERDADE.
Verdade subjacente a toda e qualquer aspiração de ordem espiritual, não embalada nem limitada por dogmas, por receitas, por encomendas, nem por militâncias balofas e desprovidas de sentido, de liberdade e de autenticidade, porque divorciadas da VIDA.
A VERDADE, olhada sempre em termos relativos, pois que é assimilada segundo as aspirações de cada um e segundo a sua sede de Infinito, de Absoluto, de Incomensurável...em cada instante. A minha sede de Verdade é diferente da do meu companheiro, na qualidade, em termos de Ser e de Estar nesta vida de Procura e de Evolução. A minha Verdade, que em última análise me não pertence, é da mesma essência, da mesma Natureza de todas as outras inúmeras verdades de cada ser humano, viventes numa relação constante.
Verdade e Autenticidade... duas faces de uma mesma Realidade, pois que só o ser verdadeiro é autêntico, toca o âmago do REAL... A Verdade é arquetípica, na medida em que só se atinge por intuição — através de insights, capta-se o seu Mistério e, sem o procurar, Ele acontece... A autenticidade poderá considerar-se a busca pragmática e desinteressada dessa Verdade. Ser autêntico é viver a Vida sem preconceito, condicionalismo, temor ou medo. Ser autêntico, é tocar o além da vulgaridade e do senso comum... é assumir a Natureza Humana e tentar transcender os aspectos egoísticos e a característica dual e conflituosa nas nossas relações do quotidiano.
Uma das preocupações centrais da Teosofia ao longo dos tempos, nomeadamente a partir do extraordinário legado cultural e espiritual de Helena Petrovna Blavatsky (n.30-7-1831 — f.8-5-1891), é a de procurar a UNIDADE DA VIDA, sempre na perspectiva de que a Relação Humana, a Verdade e a Liberdade estão, de facto, continua e dinamicamente presentes na nossa BUSCA ESPIRITUAL e na nossa DEMANDA PELA VERDADE.
O Conhecimento, por mais incipiente que seja, implica responsabilidade. Um trabalhador que use eficazmente a sua ferramenta de ofício é-lhe exigido socialmente cada vez mais, maior perfeição. A Obra precisa, em cada dia que passa, de mais e de bons trabalhadores e a Obra inicia-se a todos os momentos em nós próprios. Para se compreender o subjacente, o autenticamente verdadeiro na Obra, para se compreender o seu âmago, a sua essência, há que buscar e compreender a perenidade dos símbolos e das mensagens espirituais Nela implícitos.
Hoje, o homem moderno perdeu ou está a perder, a capacidade de vivenciar a mensagem mais profunda dos símbolos da Vida e da Morte. Distancia-se deles. O stress e a superficialidade de vida com todo o condicionalismo daí resultantes, assim como o mau uso das ferramentas pelo trabalhador — trabalhe ele a pedra ou o intelecto — impossibilitam ao homem relacionar, inter-relacionar as Grandes Verdade da Vida Una com as miríades de facetas das relações humanas.
Verdade e Liberdade são, afinal, os grandes objectivos a alcançar pelo homem através de diferentes caminhos, de diferentes perspectivas: Religião, Filosofia, Ciência, Arte... Resta-nos, a todos nós. E a cada um, procurar a Via, procurar o acorde harmonioso que a ponha em sintonia com a VIA DO CORAÇÃO que representa a autêntica chave que nos abre a porta dos Mistérios de Natureza e nos apresenta o GRAAL da Sageza das Idades a fim de bebermos e saciarmos a nossa sede.
É esta a tarefa última da TEOSOFIA e a sua Mensagem última.

Rui Arimateia "Textos Teosóficos VII"
Évora Ramo Boa-Vontade da Sociedade Teosófica de Portugal

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