quarta-feira, 6 de maio de 2009

A LENDA DO PELICANO SEGUNDO LEONARDO DA VINCI

É na lenda do Pelicano que a Vida e a Morte se encontram, ou melhor nos fazem compreender que são afinal as duas faces de uma mesma moeda...

Quando o Pelicano partiu em busca de comida, uma serpente, escondida entre os ramos, começou a mover-se na direcção do ninho.
Os pequenitos dormiam, tranquilos.
A serpente aproximou-se e, com um lampejo malvado nos olhos iniciou a matança. Uma mordidela venenosa a cada um, e os pobrezinhos passaram imediatamente do sino à morte.
Satisfeita, a serpente, voltou ao seu esconderijo, para desfrutar o regresso do pelicano.
Com efeito, daí a pouco, a ave voltou. À vista daquela matança, começou a chorar, e o seu lamento era tão desesperado que todos os habitantes da floresta o escutavam comovidos.
– Que sentido tem agora a minha vida sem os meus filhos? – dizia o pobre pai fitando os pequenitos.
– Quero morrer também!
E com o bico começou a dilacerar o peito, mesmo sobre o coração. O sangue borbotou logo da ferida, banhando os filhotes mortos pela serpente.
Mas, de repente, o pelicano, agora moribundo, estremeceu. O seu sangue quente havia dado nova vida aos filhos; o seu amor ressuscitara-os. E então, feliz, expirou.

Leonardo da Vinci, “Lendas”, H.13 r.


PAX PROFUNDA.`.

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