domingo, 12 de abril de 2009

O SÍNDROMA DA GUERRA ou um novo vírus mortal criado pelo Homem

Guerra no Iraque? Guerra na Palestina? Guerra na Bósnia? Guerra em Belfast e no país Basco? Guerra no Afeganistão? Guerra na Chechénia? Guerra em Cachemira?
A verdadeira guerra está a acontecer nas mentes, nas consciências e nos corações dos homens!
Entrámos no século XXI pela mão da barbárie e da selvajaria. Hoje, mais do que nunca, temos de repensar a natureza humana. Esta encontra-se a ceder aos seus mais baixos instintos da animalidade. A grande tentação das hegemonias e dos imperialismos, quaisquer que sejam as suas colorações – religiosas, económicas, culturais, civilizacionais –, conduzem a Humanidade a cometer autênticos genocídios.
Choques de culturas, choque de civilizações, choque de religiões, aliados à intolerância, ao despotismo, à prepotência, que caracteriza em norma a acção humana, são o apanágio do homem contemporâneo.
O Planeta está a sofrer uma imensa e arriscada provação. Falando metaforicamente, o Dragão Negro está a possuir e a dominar as mentes, as consciências e, o que é mais grave, o coração do ser humano.
Nunca as palavras Democracia, Religião e Amor, estiveram tão vazias de sentidos e de sentir. O primado do ter sobrepõe-se irremediavelmente ao primado do Ser.
Escutemos as palavras, prenhes de sentido, de um Mestre de Sabedoria:
“Que a tua Alma dê ouvidos a todo o grito de dor como a flor de lótus abre o seu seio para beber o sol matutino.
Que o Sol feroz não seque uma única lágrima de dor antes que a tenhas limpado dos olhos de quem sofre.
Que cada lágrima humana escaldante caia no teu coração e aí permaneça; nem nunca a tires enquanto durar a dor que a produziu.” [in “A Voz do Silêncio”, de H. P. Blavatsky].
Lágrimas, terror, sofrimento chegam constantemente aos nossos sentidos através do mass-media. Infelizmente temos a capacidade tecnológica de presenciar a(s) guerra(s) em directo. A grande quantidade de informação manipulada, distorcida e censurada, entorpece-nos o sentir. Olhamos, vemos, ouvimos, tomamos partido, mas falta responder à grande questão: como actuar? Como agir, enquanto indivíduos racionais e conscientes, perante este caótico estado de coisas? Perante estas “normalizadas” atrocidades de lesa humanidade, destituídas de qualquer ética?
Imaginemos, através de uma imaginação criadora, que contemplamos a Terra dos altos céus: sentimos na nossa carne a agonia dos povos! A Terra encontra-se coberta de feridas, cheia de cicatrizes, sangrentas, latejantes... causa de sofrimentos desmedidos...
Mais uma vez recorro à palavra legada por um Mestre de Sabedoria, a apontar caminhos:
“Procura em teu coração a raiz do mal e arranca-a... Somente o forte pode destruí-la. O fraco tem que esperar o seu crescimento, a sua frutificação e a sua morte. É esta planta que vive e se desenvolve através das idades...
Não vivas no presente, nem no futuro, mas sim no eterno. Ali não pode florescer esta erva gigantesca...
Cresce como cresce a flor, inconscientemente, mas ardendo em ânsias de entreabrir a sua nova alma à brisa. Assim é como deves avançar: abrindo a tua alma ao eterno.” [in “Luz no Caminho”, de Mabel Collins].
Não posso deixar de transcrever, neste tempo de Quaresma e de Páscoa, uma citação atribuída a Jesus o Cristo no momento em que se encontrava na Cruz da Transfiguração: “Eli, Eli, lama Zbacthni.” – “Aqueles que me difamarem, manterão abertas as minhas feridas”. Será esta uma leitura e interpretação destas palavras tão significantes que os cristãos, principalmente os que optaram pela via da guerra, deverão continuamente lembrar. Por certo que igualmente se lembrarão da Palavra de Jesus nos Evangelhos: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.” Fazer a guerra à Humanidade é fazer a guerra a Cristo, é recusar, repudiar e espezinhar a Sua Palavra, o Seu Exemplo, a Sua Memória.
Lembremo-nos da grande verdade de que, não importa quão vasta a escuridão, quão vasta a noite, contudo uma pequena chama de vela detém essa grande escuridão. Na sua insignificância é invencível porque é Luz.
Jesus, o Cristo, não veio ao seio da Humanidade fundamentalmente para morrer. Ele não é, nunca o foi, o Cristo morto. A Vida e não a morte, a Luz e não as trevas, são o Seu ensinamento.
Que cada um de nós mantenha acesa a sua pequena chama. Cada qual, por si, pode tão só significar uma fraca luz, contudo a natureza de todas as chamas é a mesma, é Una. E todas juntas, na Unidade Essencial, firmemente dirigidas e erigidas aos céus ensombrados pelas densas nuvens negras do ódio e da ignorância, poderão, a pouco e pouco, afastar essas trevas e fazer surgir mais uma vez e sempre a Grande Chama Universal, corporalizada pelo Sol a que os antigos denominavam por Cristo Solar ou Logos Solar...
Mais Compaixão e mais Amor são precisos para que a Páscoa realmente se torne uma Realidade viva e verdadeiramente transformante e transformadora nos corações e nas consciências da Humanidade que é Una!


Rui Arimateia, Évora, Tempo da Páscoa do Ano de 2009.

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