Évora
branca, marmórea, ebúrnea,
de lírios, nuvens, pombos e cisnes,
camélia, cal, amêndoa e lua,
imaculada...
“Lembrai-vos, porem, Senhora,
do Geraldo Sem Pavor:
- que outros o chamem de bravo,
nós o chamamos traidor.
Chegou-se tão disfarçado,
conquistou nosso favor.
Depois de amante fingido,
tornou-se vil agressor.
Sobre as pedras que estais vendo,
corre uma fita de cor:
corre uma fita encarnada,
sangue mouro, em tanto alvor,
destas cabeças cortadas,
que pesam sobre o valor
do ardiloso comandante,
cruel Geraldo Sem Pavor.
Por mim não diria nada:
mas não hei de chorar por
esta moura, minha filha,
que mal podia supor
ser por ele degolada,
dando-lhe senhas e amor?”
Évora branca, marmórea, ebúrnea,
cera, alabastro, magnólia, jaspe...
Sal das tristezas, coluna de horas
ultrapassadas...
“Lembrai-vos, porém, Senhora,
de Geraldo Sem Pavor!
Vede nestas armas claras
nossas mascaras de dor...”
Évora, 1953
Cecília Meireles
in “Poesia Completa”
de lírios, nuvens, pombos e cisnes,
camélia, cal, amêndoa e lua,
imaculada...
“Lembrai-vos, porem, Senhora,
do Geraldo Sem Pavor:
- que outros o chamem de bravo,
nós o chamamos traidor.
Chegou-se tão disfarçado,
conquistou nosso favor.
Depois de amante fingido,
tornou-se vil agressor.
Sobre as pedras que estais vendo,
corre uma fita de cor:
corre uma fita encarnada,
sangue mouro, em tanto alvor,
destas cabeças cortadas,
que pesam sobre o valor
do ardiloso comandante,
cruel Geraldo Sem Pavor.
Por mim não diria nada:
mas não hei de chorar por
esta moura, minha filha,
que mal podia supor
ser por ele degolada,
dando-lhe senhas e amor?”
Évora branca, marmórea, ebúrnea,
cera, alabastro, magnólia, jaspe...
Sal das tristezas, coluna de horas
ultrapassadas...
“Lembrai-vos, porém, Senhora,
de Geraldo Sem Pavor!
Vede nestas armas claras
nossas mascaras de dor...”
Évora, 1953
Cecília Meireles
in “Poesia Completa”
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