«(…).
Nos festejos
ao taumaturgo português o Largo de S. Francisco apresentava, nessas noites, lindíssimos tronos com imensa profusão de
lumes e onde não faltavam barricas de alcatrão espalhando luz de efeitos
seguros e surpreendentes, graciosos mastros aramados artisticamente, com seus
arcos triunfais, festões de murta e flores, o habitual concurso de duas
filarmónicas, tocando alternadamente. Outro divertido espectáculo era a alegria
das raparigas solteiras comprando, entre galhofas, alcachofras e maçarocas de
alfazema, grilos e rouxinóis em coloridas gaiolas, bem como os tradicionais
vasos de manjericos, com preferência pelos da tia Manuela, vendedeira do
mercado, por as suas curiosas quadras populares melhor estimularem os sonhos
ingénuos das cachopas, como esta:
Anjo meu, se por acaso
Este
vaso às mãos te for,
Dá-lhe
o teu seio por vaso
Rega-o
com beijos de amor!
(…).»
Silva Godinho, 1982-83, “Temas Oitocentistas
Eborenses” (II Série) in A Cidade de Évora, n.º 65-66, Boletim de
Cultura da Câmara Municipal, n.º 65-66, Évora, p.175.
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